sábado, 26 de junho de 2010

Metodologia de Investigação-Acção

Contextualização do método

A investigação-acção é um método de investigação que se estabeleceu no âmbito das ciências sociais e médicas desde meados do século vinte. Atribui-se a Kurt Lewin a sua origem moderna quando nos anos quarenta ele desenvolveu uma versão de investigação-acção em psicologia social no Centro de Pesquisa em Dinâmica de Grupos da Universidade de Michigan. Também o Instituto Tavistock, independentemente, desenvolveu uma versão operacional de investigação-acção no estudo de desordens psicológicas e sociais entre os veteranos da guerra. Lewin e Tavistock acabariam por trabalhar conjuntamente e inspirarem uma vasta corrente de investigações-acções. Depois de alguma marginalização científica amadureceu-se um reconhecimento de que a investigação-acção operava com uma epistemologia alternativa à da ciência tradicional. Nos anos noventa verificou-se um crescimento da sua popularidade nas ciências da educação, na investigação em sistemas de informação e na aprendizagem das organizações (organizational learning). Porque assenta na acção prática o método tem produzido relevantes resultados na resolução de problemas (Baskerville, 1999).

  • nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/joaquim/Word/13.doc

Caracterização do método

Como o nome indica, é uma metodologia que tem o duplo objectivo de acção e investigação, no sentido de obter resultados em ambas as vertentes:

- Acção – para obter mudança numa comunidade ou organização ou programa;

- Investigação – no sentido de aumentar a compreensão por parte do investigador,

do cliente e da comunidade (Dick 2000).

De uma forma simplificada podemos afirmar que a Investigação-acção é uma metodologia de investigação orientada para a melhoria da prática nos diversos campos da acção (Jaume Trilla, 1998 e Elliott, 1996). Por conseguinte, o duplo objectivo básico e essencial é, por um lado obter melhores resultados naquilo que se faz e, por outro, facilitar o aperfeiçoamento das pessoas e dos grupos com que se trabalha.

Esta metodologia orienta-se à melhoria das práticas mediante a mudança e a aprendizagem a partir das consequências dessas mudanças. Permite ainda a participação de todos os implicados. Desenvolve-se numa espiral de ciclos de planificação, acção, observação e reflexão. É, portanto, um processo sistemático de aprendizagem orientado para a praxis, exigindo que esta seja submetida à prova, permitindo dar uma justificação a partir do trabalho, mediante uma argumentação desenvolvida, comprovada e cientificamente examinada (Jaime Trilla, 1998).

Aliás, Ventosa Pérez (1996) acrescenta: “encontramo-nos perante um tipo de investigação qualitativo como um processo aberto e continuado de reflexão crítica sobre a acção.”

O grande objectivo desta metodologia, é pois, a reflexão sobre a acção a partir da

mesma. Por outras palavras: a sua finalidade consiste na acção transformadora da

realidade, ou, como afirma Cembranos (1995) na “superação da realidade actual”.

Os autores Brown e McIntyre (1981) referidos por Chagas (2005), apresentam a Investigação-acção como uma metodologia bastante “apelativa e motivadora” porque se centra na prática e na melhoria das estratégias utilizadas, o que leva a uma eficácia da prática muito maior: “O investigador/actor formula primeiramente princípios especulativos, hipotéticos e gerais em relação aos problemas que foram identificados; a partir destes princípios, podem ser depois produzidas hipóteses quanto à acção que deverá mais provavelmente conduzir, na prática, aos melhoramentos desejados. Essa acção será então experimentada e recolhida a informação correspondente aos seus efeitos; essas informações serão utilizadas para rever as hipóteses preliminares e para identificar uma acção mais apropriada que já reflicta uma modificação dos princípios gerais. A recolha de informação sobre os efeitos desta nova acção poderá gerar hipóteses posteriores e alterações dos princípios, e assim sucessivamente…”

Para Benavente et al (1990), a Investigação-acção, pelas características que reúne e “a imprecisão dos seus instrumentos e limites”, tanto pode ser encarada com uma “grande exigência, rigor e dificuldade, como pode ser um caminho de facilidades, de superficialidades e de ilusões”.

Chagas (2005) refere ainda que a Investigação-acção, “usada como uma modalidade de investigação qualitativa, não é entendida pelos tradicionalistas como “verdadeira” investigação, uma vez que está ao serviço de uma causa, a de “promover mudanças sociais” (Bogdan & Biklen, 1994), e porque é “um tipo de investigação aplicada no qual o investigador se envolve activamente.”

Almeida (2001) vem a “terreiro” em defesa da Investigação-acção, porque, para

este autor, ela tem sido “a parente pobre no campo das ciências sociais” porque é pouco falada, insuficientemente praticada, dadas as suas grandes potencialidades. Quando se utiliza, raramente é divulgada nos meios científicos. “Desde que, em 1948, Kurt Lewin lançou a ideia da action research, tal proposta não foi bem aceite nos círculos científicos”, refere o autor.

Para Almeida (2001) existem grandes vantagens na prática desta metodologia de

investigação. “Ela implica o abandono do praticismo não reflexivo, favorece, quer a colaboração interprofissional, quer a prática pluridisciplinar — quando não interdisciplinar ou mesmo transdisciplinar —, e promove, inegavelmente, a melhoria das intervenções em que é utilizada.”

Em que medida esta metodologia de investigação-acção é uma mais valia na praxis/prática quotidiana do educador?

A metodologia de investigação-acção é uma das ferramentas fundamentais para um educador na sua praxis quotidiana, porque é um processo contínuo de acção e reflexão sistemática e de desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes em que todos participam, investigando as suas práticas sociais para conhecê-las e melhorá-las.

Esta metodologia combina estes dois termos, a acção com a investigação, e tem como objectivo compreender, melhorar e reformar práticas. Implica planear, actuar, observar e reflectir mais cuidadosamente do que aquilo que se faz no dia-a-dia. Caracterizada por uma permanente dinâmica entre a teoria e a prática em que o investigador interfere no próprio terreno de pesquisa, analisando as consequências da sua acção e implicação. A investigação-acção é frequentemente assumida por um colectivo de investigação pluridisciplinar. Tendo em vista uma intervenção social, as finalidades, o processo e os conteúdos são constantemente debatidos pela equipa dos investigadores e actores sociais.

Este método é uma teoria da acção, promotora da mudança social, contribuindo para a consciência da comunidade, melhoria da qualidade de vida e resolução de problemas. É favorável à produção de conhecimento pela aprendizagem pois este conhecimento é produzido com a participação dos actores implicados em todo o processo de mudança.

Ajuda o educador a desenvolver estratégias e métodos para que a sua actuação seja mais adequada.

Resumindo, embora mantendo características específicas, partilha de características básicas de uma boa investigação.

Metodologia de Trabalho de Projecto

Contextualização do método

Inscreve-se no movimento de educação progressista, associado ao pensamento de John Dewey (1859-1952).

Este movimento defende:

- o experimentalismo;

- o apelo aos interesses dos alunos;

- a preocupação de ligar a educação a objectivos pragmáticos e práticos;

- o reconhecimento de diferenças individuais no ritmo de aprendizagem.

Como método de trabalho pedagógico, o trabalho de projecto foi teorizado por William H. Kilpatrick, num artigo publicado em 1918 - «The Project Method», Teachers College Record, vol. XIX, no.4.

Em Portugal, a metodologia de trabalho de projecto foi divulgada de modo sistemático a partir de um seminário organizado no Porto, em Fevereiro de 1978, pela Comissão Instaladora de um Curso para Formação de Formadores (CICFF) e pela Escola Superior de Educação de Estocolmo.

Caracterização do método

É um método de trabalho que requer a participação de cada membro de um grupo, segundo as suas capacidades, com o objectivo de realizar um trabalho conjunto, decidido, planificado e organizado de comum acordo.

O trabalho é orientado para a resolução de um problema. Este deve obedecer a certas características:

a) ser considerado importante e real por cada um dos participantes;

b) ser profissionalmente relevante para todos os participantes e/ou permitir aprendizagens novas;

c) ser de natureza tal que tenha que ser estudado/resolvido tendo em conta as condições da sociedade em que os alunos vivem.

O trabalho desenvolve-se nas seguintes fases:

1. Escolha do problema;

2. Escolha e formulação dos problemas parcelares;

3. Preparação e planeamento do trabalho;

4. Trabalho de campo;

5. Ponto da situação;

6. Tratamento das informações recebidas; preparação do relatório e da apresentação;

7. Apresentação dos trabalhos;

8. Balanço.

· CASTRO, Lisete, RICARDO, Maria – Gerir o trabalho de projecto, Lisboa: Texto Editora, Lda, 4ª Edição, 1994, (p. 9,11).

Em que medida esta metodologia de trabalho de projecto é uma mais valia na praxis/prática quotidiana do educador?

A metodologia de trabalho de projecto é um instrumento importante na prática diária de um educador, pois este método consiste na adopção de um conjunto de procedimentos, técnicas e instrumentos com vista a atingir os objectivos do projecto.

Para resolver problemas, partindo das situações e dos recursos existentes; para realizar aprendizagens significativas, tanto no domínio individual como no domínio cooperativo e desenvolver competências diversas.

Assim, o trabalho de projecto é orientado para a resolução de um problema, considerado importante e real, onde se desenvolve nas seguintes fases: escolha do tema; escolha e formulação de problemas parcelares; preparação e planeamento do trabalho; trabalho de campo; ponto da situação; tratamento da informação e relatório e a apresentação dos projectos e a avaliação.